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O CONFLITO ENTRE MÉDICOS E CIRURGIÕES-DENTISTAS: o desfecho inevitável de uma disputa autofágica – pelo dr. Flávio Luposeli

Biologicamente, podemos entender as relações entre seres vivos através da Ecologia, pois esse é o braço da Biologia destinado a estudar como os seres se relacionam entre si e com o ambiente onde vivem.

Das relações ecológicas cientificamente demonstradas, destacamos aqui a “COMPETIÇÃO”. Trata-se de uma interação do tipo (-/-), ou seja, que traz prejuízo para ambas as espécies. Nesse tipo de interação ecológica, não há vencedores absolutos: ambos têm algo importante a perder. E, metaforicamente, é esse o tipo de relação ou de interação que médicos e cirurgiões-dentistas praticam ao disputar o mercado de “estética orofacial”.

O que difere médicos e dentistas no cerne mais terreno dessa disputa é o objetivo de cada classe. Os médicos querem a estética da face exclusivamente para si; já os dentistas não querem isso: ao contrário, querem o direito de exercer uma odontologia de forma atualizada e cientificamente embasada, mas admitem que outros profissionais de saúde também possam exercê-la com responsabilidade e ética em benefício dos pacientes.

Curiosamente, quem está do lado de fora desse jogo de interesses é justamente a parte mais  importante dessa relação: o paciente.

A coexistência intelectual e científica deveria ser verdadeiramente valorizada, para lembrar a todos que a união gera benefícios de forma contrária às ideias. Isto porque, para que as ideias se tornem úteis e férteis, tal como previu Aristóteles, elas devem ser antagônicas, uma vez que é da dialética que obtemos o crescimento de todos os conceitos fundamentais. Já nas iniciativas mundanas, a união e a sinergia de ações é que gera os maiores benefícios.

Todos juramos trabalhar com ética e responsabilidade em prol dos nossos pacientes. No entanto, a retórica utilizada por alguns médicos é a de que, proibindo a Odontologia de exercer a HOF, estariam beneficiando os pacientes, indiretamente.

Bem, para isso ser verdade, o discurso deveria sair das ideias e passar para os fatos. Contudo, não é o que ocorre em muitos casos. Afinal, quantos desses médicos críticos da HOF na Odontologia vemos atuando em hospitais públicos e campanhas gratuitas? Muito poucos, para ser otimista…

Por diversas vezes convidamos médicos para participar da troca de experiências em congressos odontológicos. Quantos desses se dispuseram? Muito, muito poucos. Aliás, recebemos até negativas de alguns dizendo que não poderiam participar porque teriam sido proibidos pelas suas classes médicas representativas. Logo, é óbvio que o discurso não encontra muito amparo nos fatos.

Imaginem o ganho para ambas as profissões se médicos e cirurgiões-dentistas se unissem para discutir protocolos e técnicas, cada qual com sua contribuição profissional? Alguém duvida de que os pacientes seriam os maiores beneficiários dessa união?

Enquanto estivermos nessa disputa insana por mercado, na qual uns atacam o tempo inteiro (médicos) e outros se veem obrigados a também atacar para se defender melhor (dentistas), estaremos agindo como hienas e leões. Como tais, apesar de um ser mais forte individualmente, os outros se tornam oponentes perigosos através da união. Dessa interação, a exemplo do que acontece na natureza, não sairão vencedores absolutos.

Quem sofrerá mais com isso?

Bem, a resposta é óbvia: a carcaça. Ou podem chamá-los também de “pacientes”, se a sua legitimidade intelectual assim permitir.

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